segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Conhecimento

            Amigos tenho plena consciência que meu modo de encarar as coisas seguem o estilo “velha guarda”, mas nem por isso me considero ultrapassado. Seria um tanto enfadonho falar aqui sobre a revolução que a internet tem trazido ao universo dos criadores de cães nos últimos 10 anos, mas como todo grande processo de mudanças, os efeitos colaterais sempre estão presentes.

            Todos os criadores têm conseguido melhorar seu plantel com a facilidade do intercâmbio de informações, mas um tipo específico de criador tem me chamado bastante atenção.  São os pseudo-criadores formados na duvidosa escola dos Orkut da vida. São esses criadores virtuais que transitam por diversas comunidades e acabam por influenciar muitas pessoas, chegando até mesmo a serem formadores de opinião.

            Criadores sem caráter e sem ética sempre existiram e sempre existirão. O que proponho aqui é que todos nós tenhamos cuidado para não entrar nesse processo de “virtualização” que acaba por nos contaminar. Cada vez mais somos bombardeados com bravatas de criadores dando fórmulas de cruzamentos perfeitos, afirmando terem cães de guarda fantásticos, reprodutores infalíveis e por aí afora. Curiosamente, você nunca encontra os tais criadores em eventos, nunca vê nenhum de seus “famosos” cães e quando tentamos visitar os mesmos, às vezes acabamos por descobrir que o tal especialista que tanto debate na internet mora em um apartamento.

            Nada contra quem tem poucos cães, aliás, quantidade não é premissa para que o criador seja competente. O que não é possível admitir é que alguém consiga defender qualquer idéia no mundo cinófilo tendo como embasamento somente a visita em sites, discussões em comunidades ou pior, opinião de terceiros que eles mesmos nunca confirmaram de fato.  No geral esses falso-especialistas estão mais preocupados com as pessoas e com que elas vão dizer deles mesmos. Não querem ter o melhor cão e nem se preocupam muito com ele. Sua preocupação maior é que os outros achem que ele tem o melhor cão.

             Durante anos, tenho feito visitas a canis, buscando criadores isolados em confins distantes (mas que muitas vezes possuem excelentes cães), indo até provas de trabalho, criando amizades, tendo boas e más surpresas. Só uma coisa me confirma que essa ainda é a única forma: a certeza que estou frente à REALIDADE.
           
          Ao ver os cães, na maioria das vezes, toda a retórica do site cai por terra e poucas vezes o tão perfeito cão descrito se concretiza. É somente nessa hora é que podemos aprender muito, confirmar o que sabemos e até rever conceitos. Cem horas de navegação na rede não chegam nem perto do que absorvemos em uma única visita a um canil. Com essas prazerosas andanças é que pude perceber também que o cão ideal pode ser subjetivo, pois se o cão atende totalmente as expectativas do seu dono e recebe carinho em troca, já é o suficiente.
           
         Viva a internet! Mas encarada como uma ferramenta que ajuda a nos aproximarmos e não nos distanciarmos. Menos toques e cliques e mais pé-na-estrada e cheiro de cachorro!

Abraços

                                   

Fabio Quio Takao ex- diretor cinotécnico do Clube do Pit Bull do Estado de SP, pesquisador cinófilo com foco em genética de cães de trabalho proprietário do Revenge Kennel.

               
               

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